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Perspectivas do Deserto da Quarentena - Michael Braga



“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto...” (Mateus 4.1)


Perspectiva / perspicere / Prospettiva ou Optiké (ver através de).


Na arte a perspectiva simplesmente é uma representação gráfica que mostra os objetos como eles aparecem a nossa vista. E a verdade é que muitas vezes a nossa visão é cheia de astigmatismo e miopia espiritual e não entendemos a perspectiva do SENHOR ao nos levar ao deserto. Explico...


Jesus o Cristo, o próprio filho de Deus foi levado pelo Espírito, isso mesmo, pelo Espírito ao deserto, pra ser mais preciso ainda ele foi levado para viver um tempo de quarentena (Mateus 4.2). Verdade é que podemos agir ou não como nosso mestre diante deste tempo do deserto da Quarentena.


Pensando assim quero compartilhar três atitudes simples para entendermos neste tempo:


1.O deserto da Quarentena nos ensina que nem só de templo pode viver o homem


Fico imaginando o dia do culto de volta. Como será maravilhosa a celebração no templo, todos cantando, glorificando, abraços, beijos, um sermão empolgante, todos felizes e uma mentalidade toda voltada para aquele momento.


Porém, na perspectiva do deserto isso é “apenas” um lugar para viver o que podemos viver em qualquer lugar. Eu creio que o “mundo online” nos deu uma oportunidade de nos conhecer e de alcançar outros que jamais imaginaríamos. A perspectiva do templo com seus cultos, celebrações, campanhas, ensaios caiu por terra justamente pra nos fazer entender que “nem só de templo pode viver o homem”. Como diz uma canção parafraseando um texto bíblico: penso que não habitas mais / Em templos feitos por minhas mãos / Penso que agora estás / nas catedrais do coração.


2. O deserto da Quarentena nos ensina a dar valor a família


Algumas pessoas afirmaram com propriedade que este tempo trouxe muitos atritos familiares, brigas cresceram, pessoas ficaram nervosas, filhos provocam mais a ira dos pais e os pais dos filhos, falaram que até na China a separação aumentou. Sabe o motivo disso?


É que verdadeiramente a família não se conhecia, ou simplesmente não havia compreendido a perspectiva bíbica de família, casamento, criação de filhos, honra, companheirismo e outras coisas que a visão familiar centrada em Deus faz. Talvez realmente o esposo não conhecia a esposa e os filhos só cumpria um papel financeiro; Talvez a esposa desconhecia realmente seu esposo ou seu filho; Talvez os filhos não conheciam realmente seus pais. Tudo muda de acordo com a perspectiva do deserto.


3. O deserto da Quarentena nos ensina a entender melhor a Deus

Isso só me faz lembrar duas passagens bíblicas o texto conhecido de Jó: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem.” (jó 42.5) e ainda Deus aparecendo a Elias num susurro: “E depois do fogo veio um sussurro calmo e suave” (I Reis 19.12).

O que eu quero dizer é que o deserto da quarentena nos faz olhar Deus com outros olhos apesar da crise financeira, apesar do desemprego, apesar da falta de visão humana de futuro, apesar do uso da máscara e do pico da pandemia. O deserto com seu silêncio ou seu pequeno vento nos faz entender a perspectiva de que Deus está conosco que simplesmente precisamos dele e confiar, não nos adianta questionar ou procurar respostas como fez ou cobrir o rosto com a capa como fez Elias. O que nós precisamos é compreender mais quem é Deus, viver mais com Ele, ler mais sobre Ele, relacionar-se mais com Ele, amar mais a Ele além da alegria da “vida normal” fora do deserto da quarentena.

Em tempos de Pandemia e certamente de muitas perspectivas (até mesmo com boas intenções) viva na perspectiva de Deus.

Que este seja um novo tempo pós-templocêntrica, reafirmando as relações familiares ou como comunidade e com um novo relacionamento com Deus.

Michael Braga

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